Faz tempo que penso nesse assunto e, hoje, me deparei com um post que me fez parar pra refletir de forma mais concreta na questão. Acontece sempre assim: seu cérebro pensa constantemente em uma coisa e de repente ela aparece mais na sua vida, não é? Pode ser porque a gente repara mais ou pode ser porque o universo começa a enviar respostas. Confesso que não sei, mas isso já é história para um outro post.
O que me interessa aqui é que parece que a Arianna Huffington está em uma busca pessoal semelhante a minha. Ou eu estou numa semelhante a dela. Ou nós mulheres mundo afora (e você está incluída nisso, principalmente se está aqui na Espaçonave) estamos a procura de uma nova forma de medir sucesso. E eu acrescentaria fracasso também, porque são duas questões que se retroalimentam continuamente. A pergunta é: como medir sucesso em um mundo em que apenas dinheiro e poder já não fazem mais sentido? O que significa ser bem sucedido atualmente? Quais seriam essas outras métricas que precisam orientar e guiar o caminho de nós mulheres (e homens também), em pleno 2013 e daqui em diante?
Palavras da própria Ariane, traduzidas livremente por mim: “atualmente as duas métricas de sucesso que guiam o mundo do trabalho americano são dinheiro e poder, mas em si mesmos elas criam um banquinho de duas pernas – excelentes para equilibrar em um curto espaço de tempo, mas depois você cai. E guiado por esta definição limitada de sucesso, mais e mais pessoas ‘bem sucedidas’ estão caindo. Então, o que nós precisamos é de uma definição mais humana e sustentável de sucesso que inclui bem-estar, sabedoria, fascinação, empatia e capacidade de retribuir. Mas como recalibrar nossos benchmarks atuais de sucesso?”
Fato é que o mundo – felizmente – já não é mais o mesmo e a gente está tentando descobrir como as coisas funcionam enquanto ele muda. Quase como inventar a roda sentada em cima dela. Parece impossível, mas a verdade é essa mesmo. As fichas só caem quando a gente coloca a mão na massa. Não existem ainda respostas, mas um monte de perguntas. E a gente escreve e lê a história ao mesmo tempo. E isso é bom.
A única certeza que paira é que o modelo antigo já não faz mais nenhum sentido. Ser uma mulher poderosa, cheia da grana, magra, linda e loura às custas de muito botox e bronzeamento artificial, mas sem saúde, sem tempo pro que importa, estressada e que guarda dinheiro debaixo do colchão enquanto o mundo a sua volta passa fome, não tá com nada. São estereótipos, eu sei. Imaginar essa mulher é quase absurdo. Quase figura de linguagem. Mas preste atenção no mundo a sua volta. Elas existem sim. Em maior ou menor grau, mas estão aí afora tentando ser barbies de tailleur, encarnando a mulher-esposa-mãe-profissional perfeita enquanto mundo desmorona a sua volta.
O que é mais legal nisso tudo é que uma mulher como a Arianna, que esse mundo ultrapassado e antigo classificaria como ‘bem sucedida’, esteja liderando esse movimento chamado de a ‘terceira métrica’, através de um evento (já esgotado), programado pra acontecer em Junho nos Estados Unidos e através de um site com conteúdo dedicado ao assunto, chamado The Third Metric. Não fosse assim, pareceria que é desdem de quem quer comprar.
E faz todo sentido que seja alguém como ela, porque viver assim não é sustentável. E isso ela já percebeu. Não dura. Não funciona em corridas de longas distâncias. Independentemente de quanto dinheiro e poder você tenha, o resto não está a venda. Saúde não se compra. Tempo com seu filho não se aluga. Paz de espírito não é commodity que se encontra na esquina. E dinheiro e poder são bons sim, mas são daquele tipo de coisa que só fazem sentido se acompanhadas. Quase como sexo e vinho (mas há quem discorde!).
E olha que demorou até bastante tempo pra gente entender na prática isso. Esse mundo, criado na sua maioria por homens, fez a gente perseguir esse estereótipo da CEO de sucesso, sem uma lente de aumento pra averiguar exatamente a que custos. O que ela está abrindo mão pra ter essa vida que parece irretocável? O que, assim como acontece comigo e com você, tira o sono dela quando coloca a cabeça no travesseiro à noite? Enfim, alguém resolveu colocar o dedo na ferida.
Outros ingredientes tem que fazer parte dessa salada, que é do tipo que cada um escolhe os seus, ali mesmo na hora. Intuição, bem-estar, felicidade, sonho, desejo, família, estilo de vida, criatividade, saúde, relacionamentos, impacto social, ajudar os outros, amigos e tempo fazem parte da minha. E a via do empreendedorismo criativo foi apenas um meio de construir essa nova métrica, no meu dia-a-dia e no estilo de vida que eu tento criar pra mim. Dando beliscadas nos ingredientes enquanto misturo tudo. E daí, que eu te pergunto: que ingredientes vão na sua salada? O que signifa ser bem sucedida pra você?
Post publicado originalmente no site Negócio de Mulher. Crédito da imagem: Chez Cris.